Grande nevoeiro de Londres - 1952
Grande nevoeiro de Londres - 1952
Há 70 anos, entre os dias 5 e 9 de Dezembro, aconteceu o Grande Smog de Londres. A palavra ?smog? é a junção de smoke (fumo) e fog (nevoeiro). A poluição atmosférica nas cidades era já um problema conhecido, mas pouco valorizado: já em Liége, Bélgica, em 1930 tinha havido um episódio semelhante, e em diversas cidades inglesas o problema, cíclico, era estudado.
Mas, em 1952, a concentração de vários factores ? aumento exponencial do fumo na atmosfera, devido não só às indústrias circundantes, mas também ao fumo dos aquecimentos domésticos a carvão, ao tempo frio e húmido (nevoeiro e geada) com um anticiclone na região e consequente ausência de vento ? criaram um ambiente serradíssimo, a que os londrinos chamavam de ?sopa de ervilhas?. A redução da visibilidade foi tal, que os transportes (excepto o metro) ficaram paralisados, e a ocorrência de assaltos a coberto da neblina foi notícia.
Estes fumos, com diversas substâncias nocivas, de que avultava o dióxido de enxofre (SO2), que junto com a água dá o ácido sulfúrico, responsável pelas chuvas ácidas, criam graves problemas respiratórios. Os idosos e as crianças foram os mais afectados. O número de 4000 mortes ? devidas a agudizações de bronquites e asmas, a pneumonias e insuficiências cardíacas ? relacionadas com este episódio de poluição atmosférica, alertou definitivamente toda a sociedade para a gravidade do problema e para a necessidade do seu controle e monitorização. Em 1956 é publicada legislação ? o Clean Air Act ? que inicia as medidas para reduzir a amplitude do problema da poluição atmosférica nas cidades.
A qualidade do ar tem que ser sempre controlada, e, se não temos já o peso que havia no passado com o SO2, outros tipos de poluentes coexistem, relacionados com os escapes dos veículos e com diversas indústrias: o monóxido de carbono, o dióxido de azoto, o ozono, as benzinas e os aldeídos, menos visíveis mas igualmente tóxicos, causando problemas brônquicos e irritação de olhos, nariz e garganta.
O controle da qualidade do ar, sobretudo nas cidades, mas por todo o país, é assegurado por uma monitorização e análises regulares e utilizado pelas estruturas de saúde pública para a informação e alerta da população.
A defesa da qualidade do ar é uma tarefa de cada um de nós; a existência de transportes públicos disponíveis e eficazes é essencial para se conseguir reduzir uso de carro próprio para todas as deslocações e consequente redução dos níveis de poluição do ar nas cidades.
Artigo publicado em "A voz dos reformados" julho/agosto 2022
por Dr. José Miguel Carvalho